quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O Capitalismo não é Maquiavélico



Por Daniela Tamiya 

O mundo vive numa era na qual o ter é, obviamente, o sinônimo de ser. 

Aqueles que duvidarem e passarem a viver sem o consumo, acabarão excluídos de tudo, incluindo de sua própria existência. Portanto, hoje não é mais uma escolha viver sem comprar. 

Todos os shoppings, para que essa necessidade de ter torne-se um desejo, têm semblante claro, alegre e arejado que dão a entender que aquele é um lugar feliz, acessível e confortável. Entretanto, o capitalismo não leu Maquiavel e contentou-se com um trecho mal interpretado que diz: "É mais benéfico aparentar ter boas qualidades do que tê-las realmente".

Seguindo com o mesmo pensamento, o nosso grandioso imperador, o capitalismo, sabe muito bem que os homens são, na maioria das vezes, gananciosos, o que torna muito mais fácil a manipulação. 

Dizendo que comprando se terá “o que se precisa e se quer”, “o que não se precisa, mas se quer” e até mesmo “aquilo que nem se precisa e nem se quer”, o capitalismo está, na verdade, puxando todos os homens para uma realidade na qual "o melhor que o mundo tem a oferecer" converte-se em mercadorias, trazendo a felicidade ilusória dos indivíduos através de bens de consumo.

Agregando essa mentalidade corrompida a um cartão de crédito, a humanidade acaba se tornando altamente superficial, observando apenas o "ter" do outro, apenas o cartão do outro. 

Diante desses fatos, uma nova pirâmide social surgiu, dividindo as classes em aqueles do cartão platinum, os do cartão gold e os do cartão silver. Mas, a grande diferença entre essa classificação e as demais é que, dessa vez, não existem choques entre ideias, como era entre os nobres e os burgueses. Afinal hoje, todos querem ter, possuir e comprar, mas esses materiais estão disponíveis em grandes quantidades no mercado, o que permite a todos que os comprem.

Talvez, se não houver mais nenhuma luta entre essas classes e se todos focarem apenas no consumir o que o próprio cartão lhes permite, sendo assim alienadamente felizes, esse império dure cada vez mais e o capitalismo permaneça no poder, sugando todo o dinheiro (fonte de prazer) dos indivíduos e manipulando-os a sua vontade e capricho, até que naturalmente venha seu declínio como qualquer outro império até hoje, ou até que, finalmente, alguma contradição colida com seu modo de pensar e traga uma mudança de sistemas, como insinua Marx com a dialética.

Até esse fim, porém, estaremos fadados a uma era superficial, consumista, de mente fechada e de carteiras abertas na qual a nossa felicidade é medida em dinheiro e nosso imperador não é nem um pouco maquiavélico, em seu sentido literal da palavra.

Daniela Tamiya é aluna do 3o. ano - turma 2014.

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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O Capitalismo não é Maquiavélico



Por Daniela Tamiya 

O mundo vive numa era na qual o ter é, obviamente, o sinônimo de ser. 

Aqueles que duvidarem e passarem a viver sem o consumo, acabarão excluídos de tudo, incluindo de sua própria existência. Portanto, hoje não é mais uma escolha viver sem comprar. 

Todos os shoppings, para que essa necessidade de ter torne-se um desejo, têm semblante claro, alegre e arejado que dão a entender que aquele é um lugar feliz, acessível e confortável. Entretanto, o capitalismo não leu Maquiavel e contentou-se com um trecho mal interpretado que diz: "É mais benéfico aparentar ter boas qualidades do que tê-las realmente".

Seguindo com o mesmo pensamento, o nosso grandioso imperador, o capitalismo, sabe muito bem que os homens são, na maioria das vezes, gananciosos, o que torna muito mais fácil a manipulação. 

Dizendo que comprando se terá “o que se precisa e se quer”, “o que não se precisa, mas se quer” e até mesmo “aquilo que nem se precisa e nem se quer”, o capitalismo está, na verdade, puxando todos os homens para uma realidade na qual "o melhor que o mundo tem a oferecer" converte-se em mercadorias, trazendo a felicidade ilusória dos indivíduos através de bens de consumo.

Agregando essa mentalidade corrompida a um cartão de crédito, a humanidade acaba se tornando altamente superficial, observando apenas o "ter" do outro, apenas o cartão do outro. 

Diante desses fatos, uma nova pirâmide social surgiu, dividindo as classes em aqueles do cartão platinum, os do cartão gold e os do cartão silver. Mas, a grande diferença entre essa classificação e as demais é que, dessa vez, não existem choques entre ideias, como era entre os nobres e os burgueses. Afinal hoje, todos querem ter, possuir e comprar, mas esses materiais estão disponíveis em grandes quantidades no mercado, o que permite a todos que os comprem.

Talvez, se não houver mais nenhuma luta entre essas classes e se todos focarem apenas no consumir o que o próprio cartão lhes permite, sendo assim alienadamente felizes, esse império dure cada vez mais e o capitalismo permaneça no poder, sugando todo o dinheiro (fonte de prazer) dos indivíduos e manipulando-os a sua vontade e capricho, até que naturalmente venha seu declínio como qualquer outro império até hoje, ou até que, finalmente, alguma contradição colida com seu modo de pensar e traga uma mudança de sistemas, como insinua Marx com a dialética.

Até esse fim, porém, estaremos fadados a uma era superficial, consumista, de mente fechada e de carteiras abertas na qual a nossa felicidade é medida em dinheiro e nosso imperador não é nem um pouco maquiavélico, em seu sentido literal da palavra.

Daniela Tamiya é aluna do 3o. ano - turma 2014.

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