quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Sociedade do Consumo

Gabriela Leão



A supervalorização dos bens materiais como definição e etiquetação do ser humano está extinguindo periodicamente o conhecimento individual de si mesmo. 

O homem, antes definido como ser pensante, hoje é taxado como ser possuidor - ou pelo poder de possuir-; e, nem mesmo individualmente, o homem consegue autoidentificar-se longe dos bens materiais que possui (ou que o possuem). 


O caráter ideal foi substituído pela compra ideal, e quem quiser justificá-lo haverá de se render à hipocrisia indômita, uma vez que o consumo é tido como universal. 


O bucolismo foi substituído pelo futurismo niilista. A leitura pelos tão avançados eletrônicos. O necessário pelo exagero. O transcendente pelo material. A dignidade rendida à dividas consequentes de uma busca sem fundamento por status. Por fim, o ser torna-se ter. 

Em uma realidade onde a ciência é reinante, o homem moderno - em contradição -, torna-se vassalo do consumo e rende-se ao consumismo. 

A metafísica platônica, que coloca rente o verdadeiro ao aparente, se esvai na medida em que homens se agarram ao materialismo. 


O Eros perde o sentido, extinguindo o amor ao conhecimento, substituindo-o pelo amor ao que se tem. O homem, portanto, é taxado e etiquetado de acordo com os bens sob domínio próprio. 


Desde a infância até a idade adulta, a aceitação de um indivíduo por um grupo social é comprada por status - por renda familiar, vestimenta, nome. Basta perceber que, até mesmo os pontífices de autoridade pura, que regem fés universais, corromperam-se ao sistema; desde os Daris do Japão até os bispos de Roma, fundados na miséria do povo. 


Em meio a tantas contradições e condenações, a solução para o consumo exacerbado não se encontra na extinção deste, mas no controle. 

A saúde social de um povo corre junto com a saúde cultural do mesmo. É preciso recuperar o instinto questionador, há muito distante da formação social na atualidade. 


O comodismo precisa ser extinguido conjuntamente. E juntos, os homens persistirão na quebra do regresso. Entrementes, rejeitar o capitalismo por completo certamente não é a solução; não se deve cometer o mesmo erro dos soviéticos. 


A virtude precisa encontrar a moderação, para que não se converta em vício. Uma vez iniciado o processo, não poderá ser interrompido. E, mesmo que vagarosamente, caminharemos para um futuro melhor, em prol de uma sociedade saudável, com indivíduos melhores. 

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Obrigada por participar. Seu comentário será liberado após mediação dos administradores.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Sociedade do Consumo

Gabriela Leão



A supervalorização dos bens materiais como definição e etiquetação do ser humano está extinguindo periodicamente o conhecimento individual de si mesmo. 

O homem, antes definido como ser pensante, hoje é taxado como ser possuidor - ou pelo poder de possuir-; e, nem mesmo individualmente, o homem consegue autoidentificar-se longe dos bens materiais que possui (ou que o possuem). 


O caráter ideal foi substituído pela compra ideal, e quem quiser justificá-lo haverá de se render à hipocrisia indômita, uma vez que o consumo é tido como universal. 


O bucolismo foi substituído pelo futurismo niilista. A leitura pelos tão avançados eletrônicos. O necessário pelo exagero. O transcendente pelo material. A dignidade rendida à dividas consequentes de uma busca sem fundamento por status. Por fim, o ser torna-se ter. 

Em uma realidade onde a ciência é reinante, o homem moderno - em contradição -, torna-se vassalo do consumo e rende-se ao consumismo. 

A metafísica platônica, que coloca rente o verdadeiro ao aparente, se esvai na medida em que homens se agarram ao materialismo. 


O Eros perde o sentido, extinguindo o amor ao conhecimento, substituindo-o pelo amor ao que se tem. O homem, portanto, é taxado e etiquetado de acordo com os bens sob domínio próprio. 


Desde a infância até a idade adulta, a aceitação de um indivíduo por um grupo social é comprada por status - por renda familiar, vestimenta, nome. Basta perceber que, até mesmo os pontífices de autoridade pura, que regem fés universais, corromperam-se ao sistema; desde os Daris do Japão até os bispos de Roma, fundados na miséria do povo. 


Em meio a tantas contradições e condenações, a solução para o consumo exacerbado não se encontra na extinção deste, mas no controle. 

A saúde social de um povo corre junto com a saúde cultural do mesmo. É preciso recuperar o instinto questionador, há muito distante da formação social na atualidade. 


O comodismo precisa ser extinguido conjuntamente. E juntos, os homens persistirão na quebra do regresso. Entrementes, rejeitar o capitalismo por completo certamente não é a solução; não se deve cometer o mesmo erro dos soviéticos. 


A virtude precisa encontrar a moderação, para que não se converta em vício. Uma vez iniciado o processo, não poderá ser interrompido. E, mesmo que vagarosamente, caminharemos para um futuro melhor, em prol de uma sociedade saudável, com indivíduos melhores. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por participar. Seu comentário será liberado após mediação dos administradores.